Maria no Evangelho de São João
Maria no Evangelho de São João
Uma amiga me perguntou: “Frei, por que o evangelho de São João fala tão pouco de Maria?” Eu respondi: “O Evangelho não fala pouco de Maria, mas fala o essencial, o suficiente!”. Essa amiga ficou escandalizada com essa resposta. E por quê? Porque ela lia o evangelho de São João sem o olhar de discípula. Como discípula, ela deveria ler o Evangelho com os olhos fixos em Jesus, o Mestre e Senhor (Jo 13,13) e assim perceberia que o Quarto Evangelho apresenta Maria, não como uma senhora poderosa, mas como uma discípula de Jesus. Mais do que isso: como a Primeira discípula de Jesus, aquela que acompanha o Mestre, mora com Ele e o tem no coração.
O Evangelho de São João apresenta Maria em dois momentos: Jo 2,1-12 (as Bodas de Caná da Galileia) e Jo 19,25-27 (A crucifixão de Jesus). Em Jo 6,42 há uma citação indireta de Maria por parte das autoridades dos judeus.
Em Jo 2,1-12, o Quarto Evangelho nos mostra o primeiro Sinal de Jesus: a transformação de água em vinho. É um casamento de um homem com uma mulher. Mas representa o casamento (aliança) de Deus com a humanidade. Deus faz a Eterna Aliança através do grande momento da Cruz, a Hora de Jesus. A Cruz é o grande Sinal do amor de Deus pela humanidade. Ainda não era a hora da cruz. Por isso Jesus disse à Maria: “Mulher, que existe entre nós? Minha hora ainda não chegou.” (Jo 2,4). Transformar a água em vinho foi uma amostra-grátis do infinito amor de Deus (manifestado na Cruz) que transforma a tristeza e a falta de vida (talhas de pedras vazias) em alegria radiante de amor (água e vinho).
Ao chamar Maria de Mulher, Jesus não está tratando mal a sua mãe (como dizem alguns “evangélicos”), mas está dizendo que Maria é a nova Eva e dela nasce uma nova humanidade em Jesus pelo Batismo e pela Eucaristia (água e vinho). É por isso que Maria (a nova Eva sem pecado) nos dá o melhor conselho: “Façam o que ele mandar”. (Jo 2,5).
No entanto, ainda não era a Hora de Jesus. Mas Maria é a primeira discípula. Quando chegou a hora de Jesus, Maria, como a primeira discípula, estava lá. Em Jo 19,25-27, o Quarto Evangelho nos relata novamente a presença de Maria junto à cruz (hora de Jesus). “A mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena estavam junto à cruz.” (Jo 19,25) Chama-me a atenção que o nome de Maria não é citado para a Mãe de Jesus. Isso porque o Quanto Evangelho prefere chamar Maria pelo maior título a ser dado a alguém: Mãe de Jesus. Não existe maior título do que esse!!!
“Jesus viu a mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava. Então disse à mãe: «Mulher, eis aí o seu filho.»” (Jo 19,26) Jesus chama novamente Maria de Mulher (nova Eva), e lhe dá um presente: um novo filho, o discípulo que Ele amava. Esse discípulo não tem nome, significando que somos todos nós. Assim nos tornamos filhos e filhas de Maria, porque Jesus Mestre quis assim!
“Depois disse ao discípulo: «Eis aí a sua mãe.» E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa”. (Jo 19,27) Jesus também dá um presente ao discípulo que Ele amava (= todos nós). Jesus nos presenteia com uma Mãe, a sua Mãe, a nova Eva: Maria. Dessa Hora em diante nós acolhemos Maria em nossas vidas como nossa Mãe porque Jesus quis assim!
Conclusão: Maria é a primeira discípula de Jesus (estava no primeiro sinal, as bodas); é também a maior discípula de Jesus (estava no maior sinal, a Hora, a Cruz); é a nova Eva, a nova Mulher (por quem nasceu a nova humanidade); é a Mãe de Jesus (o maior título); é a nossa Mãe (nosso presente). Por isso amamos Maria. E o Quarto Evangelho não falou pouco sobre Maria, mas falou tudo, tudo o que é essencial sobre Maria, discípula de seu Filho! Rogai por nós, nossa Mãe! Amém!
Pe. Demetrius - Equipe Bíblica Ruah